quinta-feira, janeiro 15, 2009

 
Bens económicos e bens financeiros
(a) os bens de consumo e de produção - Os bens de consumo são os que
constituem objecto das decisões dos consumidores. Distinguimos os bens
de consumo duráveis, cuja utilização se prolonga no tempo (habitação,
viatura, electrodomésticos) e os bens de consumo não duráveis, que são
destruídos no uso que deles é feito (alimentos e combustíveis). Por outro lado, os bens de produção são utilizados pelos produtores, de maneira
durável ou não. Estão neste caso as máquinas, as matérias-primas, a
energia e o trabalho. Estes bens têm como fim aumentar a quantidade e
melhorar a qualidade dos bens de consumo disponíveis. O critério usado
nesta distinção não tem a ver com os bens mas com a natureza das
entidades que os utilizam. Se considerarmos os bens apenas na
perspectiva da produção distinguimos os que são objecto de
transformação (inputs) e os produtos que resultam dessa transformação
(outputs).
(b) bens e serviços - O resultado da actividade produtiva traduz-se em bens
materiais ou em actividades imateriais - estão neste último caso a
medicina, o ensino, o turismo ou as belas artes. Estamos assim perante
os serviços, que assumem crescente importância nas sociedades
contemporâneas. Também podemos distinguir entre bens sucedâneos e
bens complementares, já que num mercado as opções individuais dos
sujeitos económicos obrigam à permanente comparação entre bens aptos
a satisfazer necessidades. A racionalidade económica leva a que as
escolhas tenham sempre em consideração custos e benefícios. Nessa
comparação determinados bens podem substituir outros, diz-se nesse
caso que são bens sucedâneos (o mel é sucedâneo do açúcar, o isqueiro é
sucedâneo dos fósforos). Mas há também os bens que necessitam de
outros bens para alcançarem a finalidade a que se destinam. Diz-se nesse
caso que os bens são complementares (um disco compacto - CD - é
complementar de um leitor de discos, a gasolina é complementar do
motor do automóvel).
(c) factores de produção - A expressão factores de produção designa o
conjunto dos diversos bens e serviços que permitem realizar a actividade
produtiva. Os factores de produção são: a terra ou os recursos naturais,
compreendendo os minérios objecto das indústrias extractivas; o capital,
que corresponde a um conjunto de bens e serviços (equipamentos e
stocks) que constituem a base da actividade produtiva (capital físico) e
de recursos financeiros que garantem o investimento reprodutivo (capital
financeiro); e o trabalho, que designa toda a actividade humana (hoje é
cada vez mais importante este factor, que não considera apenas a força
de trabalho mas também a qualificação e a formação, que leva a falar-se
com crescente insistência de capital humano). Nos factores de produção
também deve incluir-se a organização económica e empresarial e o
enquadramento institucional.
(d) bens colectivos ou financeiros e bens privados - Independentemente de
quem os fornece, encontramos determinados bens que pelas suas características têm natureza pública, isto é, não visam satisfação
meramente individual. São bens colectivos ou financeiros e o exemplo
mais comum é o do farol, que tem as seguintes características: (a)
indivisibilidade (com consumidores adicionais não há redução do nível de
utilidade dos indivíduos do grupo inicial); (b) impossibilidade de exclusão
(é sempre acessível a consumidores adicionais que o desejem); e (c) não
rejeitabilidade (é impossível a rejeição desse bem por parte dos
consumidores). Pela sua natureza, muitos autores designam estes bens
como colectivos ou financeiros (v. infra, sobre falhas de mercado). Se
usarmos o critério meramente subjectivo de quem fornece os bens ou
presta os serviços, serão bens públicos os que são prestados ou
fornecidos por entes públicos (farol, estradas nacionais, escolas públicas,
hospitais públicos), serão bens privados os que são fornecidos por entes
privados (a generalidade dos bens que estão no mercado).
1.8. Alocação de recursos e fronteira de possibilidades de produção.
Falámos já da exigência permanente de fazer escolhas, em virtude da
escassez de bens e recursos. Como funciona, porém, na prática a alocação de
recursos? As opções reportam-se a diversos bens e a diferentes necessidades.
Considerando a limitação física dos recursos disponíveis, encontramos uma
"fronteira de possibilidades de produção". Isto é, há um limite para além do
qual não é possível produzir mais, numa situação de pleno emprego dos
recursos produtivos. Comparemos a produção de bens agrícolas (p. ex.
alimentos) e a produção de bens não agrícolas (p. ex. vestuário).
Utilizando a totalidade dos recursos disponíveis (suponhamos uma população
activa de 200 trabalhadores) poderemos produzir 8 toneladas de alimentos,
nada produzindo de vestuário. No outro extremo, se produzirmos 50 mil
unidades de vestuário nada produziremos de bens alimentares. A sociedade
precisa, contudo, de se alimentar e de se vestir. Por isso vai distribuir os
recursos pelas duas opções. Se apenas produzir 6 toneladas de alimentos já
poderá produzir 20 mil unidades de vestuário. E se produzir 4 toneladas de
alimentos poderá chegar a 35 mil unidades de vestuário. Por fim, se apenas
produzir 2 toneladas de alimentos terá 45 mil unidades de vestuário. Temos
uma representação gráfica expressa num curva côncava. E assim apenas
poderemos fazer escolhas à esquerda dessa curva, utilizando ou não
plenamente os recursos. Se não houver pleno emprego, poderemos produzir 4
toneladas de alimentos e 20 mil unidades de vestuário. Mas não poderemos
produzir 4 toneladas de alimentos e 45 mil unidades de vestuário, uma vez
que o ponto definido por essa situação se encontra já fora da fronteira de
possibilidades.



A lei dos rendimentos decrescentes tem também em consideração a escassez
dos recursos e relaciona, na economia tradicional, a utilização de um factor
de produção fixo (a terra) e de um factor de produção variável (o capital ou o
trabalho). Os rendimentos adicionais resultantes dessa relação serão
decrescentes e os custos tenderão a ser crescentes. Mas se os factores de
produção em presença são ambos variáveis, como acontece nas economias
industriais então os rendimentos adicionais tenderão a ser crescentes – no que
designamos como lei dos rendimentos crescentes à escala, tendendo aqui os
custos a ser decrescentes. Fala-se, assim, em economias de escala quando os
factores de produção são variáveis e quando os rendimentos adicionais são
crescentes.

Objecto da Economia Política.
A Economia Política é a ciência social que estuda os comportamentos
humanos perante recursos raros solicitados para fins múltiplos.
Estudamos fenómenos de natureza muito diversa numa sociedade que se
organiza para garantir a satisfação de necessidades dos seus membros. John
Stuart Mill (1806-1873) dizia, por isso, que "há poucas hipóteses de se ser bom
economista e de não se ser mais alguma coisa. Estando em permanente
interacção, os fenómenos sociais não se podem compreender isoladamente".
O objecto da Economia Política situa-se, assim, num campo muito amplo de
actividades humanas, em torno da produção, da distribuição e do consumo,
mas também da distribuição de recursos e da complementaridade ente o
mercado e a regulação pública, e tem a ver com um conjunto diversificado de
actividades humanas que visam a afectação dos recursos disponíveis às
necessidades sociais. Estamos diante de uma ciência que analisa toda a realidade humana, procurando uma explicação lógica sobre o modo de
resolução dos problemas ligados às escolhas económicas, o que obriga ao
recurso a métodos próprios de previsão, de análise e de interpretação. Mas
também estamos perante uma ciência com conteúdo normativo que visa a
avaliação do modo como a sociedade encara e resolve os seus problemas de
satisfação de necessidades, e a definição de uma política económica.






Comments: Enviar um comentário



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?