segunda-feira, fevereiro 26, 2007

 
Dá-me uma palavra.
Dá-me tu ou todos ou qualquer pessoa.
E com essa palavra. Com essa que me deste. Com ela, mudarei e libertarei. Com ela farei com que, por fim, darás a mão a teu irmão não-semelhante, na cor, na origem, no sexo, na religião.
Apenas se me deres a palavra. Tratar cada um, cada uma das suas diferenças, tratá-las como igual. Já, outrora, tiveram um sonho. Um sonho em que um dia tudo mudasse. Não só uma pessoa. Diariamente, pessoas sonham. Esperança na beleza da diferença aceite e agraciada. Aceitação sem corrupção. Aceitem dar uma palavra. Aceitem ouvir. Pois, mais tarde, quererão ser ouvidos. Como poderão exigir sem ter dado antes?
Um sonho. Um sonho, tarde demais para nós, mas olhem para a janela, olhem para a rua e vejam os olhos do próximo jovem que passar. Bom ou mau, não interessa. Olhem para os seus olhos e pensem no que vêem. Conseguem ver justiça? Ou ódio? O que queriam ver? Esperança ou conformismo no que existe? Gostariam de os ouvir ou de os fazer ouvir-vos? Perguntem-se se estaria certo obrigá-los a ouvir-vos, sem lhes dar a oportunidade de falar?
Olhem para outra pessoa.

Olhem para ela. Vêem a cor da pessoa. A roupa. Os sapatos e o cabelo. Mas vejam melhor.
Conseguem ver os problemas? Conseguem ver o desejo de mudança?

Conseguem ver que o própria egoísmo social tornou a mais inocente criança, no mais sangrento criminoso? Podem dizer que foram os antepassados. A descedência. No sonho, filhos de escravos e filhos de donos de escravos, sentados a volta da mesma mesa. Não é desculpa. O passado não é desculpa. O presente é culpado.

Portanto, dá uma palavra. Dá liberdade. Não a peças antes de dar. Chora quando vês que a palavra não está a ser dada. Mas levanta a cara em seguida. E tu próprio fá-la ser dada.

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