segunda-feira, julho 03, 2006

 

Injustiça

Quando eu era mais novinha, na escola, havia uma rapariga que se sentava ao meu lado. Eu não a achava nada engraçada, e estavamos sempre a implicar uma com a outra. Depois, quando ela mudou de escola eu tive muita pena, mas já gostava mais dela, e ainda nos íamos falando de vez em quando. Enviaram-me uma fotografia dela com um rapaz, há alguns dias atrás. Ela estava diferente, era muito gira, e vê-se na cara dela que é uma pessoa muito viva. Já tem 17 anos, e adora viver, e divertir-se, é uma pessoa, como se diz, apaixonada. E o rapaz que a abraçava por trás, com a força com que muitos casais não o fazem, tinha também 17 anos e era o seu melhor amigo, com um aspecto atlético e muito descontraído, também seu primo, bem parecido, dava a ideia de que também seria alguém com muito Amor á vida e todos os que o conheceram, me disseram que era um excelente rapaz. Juntamente com a foto, li ideias suas, planos que tinham juntos, sonhos... Quando me enviaram a foto, até fiquei a pensar o motivo, talvez fosse preciso alguma explicação a algum namorado, ou assim... o costume. Infelizmente, enganei-me
O Afonso, primo da Catarina, foi atropelado na sexta-feira passada, dia 30 de Junho. Menos de 24 horas após o acidente, entrou em morte cerebral. Confesso não ter sido informada se o seu óbito fisico já foi ou não declarado, mas pessoalmente prefiro não saber. Sei que o melhor amigo da Catarina morreu. E se ficar vivo, fisicamente, só trará mais sofrimento, a todos os que o conheceram na verdadeira vida. Sei que ele tinha apenas 17 anos. E que a sua morte é muito injusta.
Desconheço por complecto a situação do acidente, mas conheço de perto os problemas da estrada. E são publicos e de conhecimento geral os numeros que relatam a realidadedas estradas em Portugal, as colisão de viaturas, os atropelamentos e os motivos que estão na sua base. E qualquer indemenização que possa existir, não cobraria jamais o que aconteceu ao Afonso. Ainda assim , circula um mail que pede a ajuda de qualquer eventual testemunha ocular, que possa ter observado o acidente, tentando pelo menos impedir, ou prevenir no futuro que este tipo de situações volte a ocorrer, que os excessos de velocidade e o alcool na estrada, terminem de imediato. A quem puder ajudar, contacte
O quanto é que os seus, os pais, os tios, os amigos, a Catarina, o quanto que as pessoas á sua volta vão sofrer com a sua morte, é algo incalculável a todos aqueles que nunca perderam um ente tão querido.
Impressionada como estou, não podia deixar de escrever. Em dois anos, é o segundo aluno da Escola Secundária do Restelo que perde a vida num acidente como estes. E nunca é de mais dizer que os Pais nunca deveriam enterrar os filhos, sobretudo quanto têm apenas 17 anos, nunca seria de mais desejar que todas as vitimas de acidentes estupidos, pudessem sobreviver, e ficar muitos anos para contar como foi, até já nem se lembrarem disso, poder dizer que nada se alterou, que A vida continou feliz depois dos acidentes e das desgraças que no geral, acontecem a todos. Mas nem a todos as desgraças são, a longo praso, inócuas. Nem sempre as histórias têm um final feliz, e eu acho que nunca crescerei ao ponto de compreender isso.
Estou mais uma vez solidária com todos e todas aqueles que sofreram desta forma, e por um acidente como este. Aqueles que me conhecem, sabem porquê. É este o pequeno, minimo tributo que posso fazer a um rapaz que nunca conheci, mas gostava. E envio assim um grande beijinho e toda a minha força á Catarina. Que use e abuse dela, como precisar





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